FRANCISCO RICARDO – Artesão de redes de pesca na Barra do Ceará

Com muito orgulho do que faz, Francisco Ricardo Barbosa começa a entrevista falando um pouco sobre a sua rotina e seu dom que é fazer redes de pesca. Com a função da pesca flexível, a rede é tecida geralmente com fibras pequenas, fazendo malhas de tamanho menor que a dimensão dos peixes ou mariscos que se pretende capturar. Primeiramente ele disse que é complicado, mas para quem sabe e tem a técnica, é possível fazer de olhos fechados. Demora cerca de 20 dias pra terminar uma rede de pesca, mesmo sendo um profissional na área. Mas Francisco Ricardo ressalta que o tempo de feitura da rede é um pouco longo. O custo da rede vale entre R$ 600,00 e mil reais a unidade, dependendo da qualidade do material.  Nosso entrevistado disse que aprendeu a fazer as redes no interior com seus pais e está passando o conhecimento para seus filhos. Francisco Ricardo faz questão de dizer que trabalha com amor.

O pescador Demir – Barra do Ceará

Ademias Silva Valente, mais conhecido no bairro como pescador Demir, nos contou algumas histórias de suas pescarias. Uma delas fala que um navio de grande porte passou por cima de sua jangada. Ele quase morreu e essa aventura marcou sua vida de “navegador dos mares”. Relatou que já pescou peixes enormes e que é muito bom relembrar e ter diversas histórias para socializar.  Entre muitos assuntos compartilhados ele encerrou sua entrevista dizendo que tem gostado muito do Projeto Patrimônio Para Todos, pois envolve os jovens fazendo com que eles reflitam sobre o passado. Na sua opinião deveriam existir mais projetos para ocupação da mente dos jovens e a Barra do Ceará precisa ser lembrada, pois o bairro está esquecido pela juventude e as autoridades. Demir demonstrou seu sentimento pela Barra do Ceará, lugar belo de se morar e recheado de histórias pra contar.

INÊS DOS SANTOS TAVARES – Barra do Ceará

Dona Inês lembrou que antigamente a Barra do Ceará se chamava Arpoador e que boa parte dos moradores que reside hoje na comunidade, vieram de um interior chamado Morrinhos, uma cidade pequena do interior cearense. Don Inês afirmou que no interior não tinham muitas formas de trabalho e por isso, muitas pessoas na época vinham para a cidade grande em busca de uma vida melhor. Mas as dificuldades persistiam e Dona Inês disse que passou por muitos obstáculos em sua vida. Sobrevivia da pesca e da plantação de legumes e que até hoje os costumes não mudaram. Mulher guerreira e lutadora, Dona Inês compartilhou sua história de vida com os jovens moradores da Barra do Ceará. Assistindo e intervindo desde sempre no desenvolvimento local, falou das transformações tanto físicas como sociais da comunidade. Ressaltou que para se contar todas as histórias, teríamos que passar mais de uma semana ouvindo-a. Líder comunitária, Dona Inês tem o prazer de dizer que é muito respeitada na comunidade e que a juventude tem muito apego por ela. Ela é o tipo de pessoa que toda a juventude respeita, pois carrega sempre a garra, esperança e otimismo. Bem animada, com um belo sorriso no rosto, ganhou a graça de todos. Finalizou sua a entrevista afirmando que a Barra do Ceará é sua vida e que não trocaria esse local por nada: “Nada no mudo paga a felicidade que tenho aqui”.

Francisco Araújo da Silva – Barra do Ceará

Seu Araújo, proprietário do restaurante localizado na Barra do Ceará, deu bastante enfoque à construção da Avenida Vila do Mar, transformação que influenciou positivamente sua profissão por conta do movimento de pessoas no ambiente. Antes quem mais frequentava sua barraca eram moradores da própria comunidade. Agora é possível ver pessoas de várias regiões de Fortaleza, como também de outras cidades, tudo isso graças à revitalização da Vila do Mar. Em seguida nos contou que alguns dos coqueiros da praia foi ele mesmo quem plantou. Elogiou os jovens do projeto e disse que precisamos de mais pessoas interessadas em conhecer a tão grandiosa Barra do Ceará.

BOI CEARÁ (Mestre Zé Pio) Barra do Ceará

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Mestre Zé Pio nos contou que começou a brincar de Bumba Meu Boi aos três anos de idade no cordão Boi Reis de Ouro. Foi lá onde aprendeu tudo sobre as brincadeiras de boi. Aos doze anos de idade trabalhou como pescador para auxiliar na renda familiar. Aos vinte anos retomou a brincadeira de boi e até hoje “brinca” em sua localidade e passa para os mais novos os valores dessa tradição. Pois brincadeira do Bumba Meu Boi é uma diversão que precisa ser valorizada para continuar divertindo as pessoas. Obrigada pelo esforço e ensinamentos Mestre Zé Pio!

FERROVIÁRIO ATLÉTICO CLUBE – Barra do Ceará

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Seu Chicão começou a entrevista falando que quando era bem mais novo trabalhava em frente ao Campo do Ferroviário e na hora do almoço ia pra lá assistir os treinos. Até o dia em que foi chamado para trabalhar como administrador de campo. Desde então nunca mais saiu de lá. Ele tem muito orgulho em ser o funcionário mais antigo do clube. “O Ferroviário é a minha vida, fico mais aqui do que em minha casa”. No final da entrevista contou que o Ferroviário é um “celeiro que dá sorte” e que em breve o Ferrão dará a volta por cima e chegará ao seu lugar de direito no futebol cearense. Ferroviário é um dos clubes de maior tradição na cidade de Fortaleza e além do futebol, apresenta uma relação de sociabilidade em seu campo, que une não só torcedores mas também muitos moradores da região.

COOPSURF – Barra do Ceará

A Coopsurf é uma cooperativa que fabrica pranchas de surf e realiza um trabalho social voltado para as comunidades da Barra do Ceará, como escolinha de surf e de música. César é um dos colaboradores e nos conta que esse trabalho é recompensador, pois consegue proporcionar para a juventude local novas perspectivas. O apoio e o reconhecimento da comunidade tem sido primordial para a realização do trabalho.

FRANCISCO ANTÔNIO – Barra do Ceará

Seu Francisco Antônio, mais conhecido como Chico Mago é bastante conhecido no bairro, tanto por ser um dos moradores mais antigos, como também por ser o organizador de um forró bastante conhecido dos moradores antigos. Já trabalhou com agricultura, com pesca e já foi cortador de peixes. Nas palavras dele: “Me sinto um herói, por ter conseguido chegar na minha idade atual com muita saúde, felicidade e boas histórias pra contar”.

Joás Ferreira Lima (Barbeiro) Barra do Ceará

Retaurante Albertus (Seu Alberto) Barra do Ceará

Albertus é um dos restaurantes mais tradicionais da Barra do Ceará e o seu dono, Seu Alberto, conta sua trajetória e podemos perceber que se confunde com a história do bairro. Seu Alberto começou a construção do restaurante e a maré sempre derrubava o que ele eos familiares construíram. Com a colaboração de outras pessoas, hoje o restaurante funciona muito bem e os clientes sempre voltam, segundo Alberto. Além de restaurante, o Albertus proporciona boas histórias.

Francisco Claudio Moura Borges – Barra do Ceará

Seu Francisco Claudio Moura Borges nos contou a sua trajetória de vida desde a sua infância que foi sofrida, por conta da baixa condição financeira de seus pais. Relatou que durante sua infância chegou a passar fome. Seu Cláudio é muito conhecido, já trabalhou em muitas áreas: já foi vigilante, garçom, flanelinha, entre outras funções. Hoje ele é vendedor numa banquinha pertinho do CUCA Che Guevara. Fez uma retrospectiva das fases de sua vida e das profissões que teve que desempenhar para chegar até aqui. Relatou que se sente feliz por trabalhar com o que gosta. Com grande presença de jovens no CUCA, afirmou que é muito bom ver que o nosso futuro pode ser mudado através da educação. Que não podemos deixar as memórias do bairro morrerem. Seu Claudio conhece todos os alunos e alunas do CUCA da Barra do Ceará: “Ser um vendedor bem conhecido e amado é gratificante!”

Carlos Alberto Frota – Barra do Ceará

Com seus 27 anos professor de sanda e iniciação ao MMA no CUCA Che Guevara. Treina artes marciais desde os 14 anos, e foi através do irmão Itamar Frota que incentivou a pratica das lutas. Professor de artes marciais, Carlos ministra aulas teóricas e práticas da modalidade no Cuca, zela pela correta informação e por sensibilizar os jovens mostrando o outro lado do esporte que é o respeito e humildade; fazendo com que todos levem essa filosofia de vida. Ensina não apenas os aspectos técnicos e mecânicos dos movimentos marciais, mas também, dos fundamentos filosóficos e dos fatos históricos que deram origem à arte e a luta. Começou a ensinar em um projeto nas Goiabeiras, até um dia lhe chegar à oportunidade de ensinar no CUCA. Ver sua arte como vetor de transformação. Para ele repassar seus conhecimentos para os alunos é muito importante e gratificante, por ver na luta a chance de um recomeço uma renovação de vida.

Igreja nossa Senhora da Assunção – Barra do Ceará

A Igreja Nossa Senhora da Assunção tem um formato peculiar que lembra as construções indígenas e foi construída com a ajuda dos jovens engajados da igreja e dos moradores da região como conta Dona Verônica. Ela, junto com seu marido, participava dos grupos de jovens da época. Um dos idealizadores foi um padre português chamado Pe. Luís Carlos. A igreja conta ainda hoje com o apoio e trabalho da juventude local em todas as suas atividades.

Jonnatam dos Santos – Barra do Ceará

Praticante de atividades no Cuca desde sua criação, Jonnatam falou o quanto é prazeroso e gratificante frequentar o ambiente e participar dos cursos e esportes disponíveis. Falou sobre os dois prédios antes do CUCA (Clube de Regatas e Barra Show). Contou-nos um pouco sobre sua infância e sobre a transformação do bairro. De casas simples, ruas de terra batida, calçamento, hoje percebe-se a nova Barra do Ceará verticalizada. “O CUCA para mim é superação” afirmou. Se dirigindo ao projeto Patrimônio Para Todos disse: “Foi muito bom realizar todas essas pesquisas, através de pessoas das mais diferentes que nunca imaginei conhecer. Sinto-me honrado em ter participado desse projeto que tanto admirava. Quando tive a oportunidade de participar não perdi tempo. Só tenho a agradecer a tudo e a todos que conheci e pelos momentos que ficarão guardados na minha memória’’.

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Associação de cultura Afro-brasileira – Barra do Ceara

Mãe Bia e Pai Ricardo realizam os seus cultos na Barra do Ceará há mais de 30 anos e buscam sempre ajudar quem procura o terreiro. Eles desenvolvem um trabalho social com a juventude, auxiliando na procura de emprego e no combate às drogas. A Associação de Cultura Afro-Brasileira busca desconstruir a visão de preconceito que muitos ainda têm com a Umbanda. Os responsáveis mostram que as portas estão sempre abertas pra quem quiser conhecer um pouco dessa prática religiosa que deve ser respeitada como qualquer outra.

Barra do Ceará Cuca Che Guevara

Com a atividade de listagens dos bens culturais associados ao Bairro, os participantes nitidamente mostraram expressão a ansiedade e a curiosidade em conhecer as ruas e vielas, as pessoas e suas historias, os bens significativos de grande valor para comunidade. Falando sobre a Barra do Ceará, a discussão da atual situação de grande indicie de violência foi o estopim para todos expressarem sua opinião. Os participantes colocaram em mesa o apoio à descriminalização da juventude negra, e complementaram afirmando que se não existisse violência, o Bairro seria um dos pontos mais visitados por todos. Com isso, o assunto caiu em Politica, e muitos, com o senso critico socializaram seus pensamentos fortalecendo o debate.