Dona Maria

Maria José Estevam de Sousa, conhecida como Dona Maria, com seus 61 anos de idade tem muita história para nos contar. Ela é dona de casa e escritora, sendo uma referência no município de General Sampaio por suas poesias, contos e histórias que relatam sua experiência de vida.

No começo da entrevista, Dona Maria, com um sorriso no rosto relembrou das brincadeiras que eram bem diferentes das de hoje: as bonecas eram feitas de sabugo de milho e com búzios do rio, o guarda-chuva era feito de folhas de mamona. Naquela época no ano de 1967 com seus 16 anos, não tinha rádio em casa, então ela e sua irmã juntavam tampas de pasta de dentes e faziam os botões do rádio, os fios de energia também foram utilizados na construção do equipamento. Mas, como o rádio não tocava, elas cantavam as músicas de ciranda, imitando o som do aparelho ligado. Quanta criatividade e talento elas tinham!

Dona Maria e seus 14 irmãos iam e voltavam para casa a pé, pois como não havia professoras no local onde eles moravam, tinham que estudar com uma amiga de sua mãe que morava na cidade. Caderno, lápis, livro, cartilha do ABC: todos os materiais escolares, seus pais compravam e como as condições financeiras eram precárias, eles não tinham a opção de desperdiçar nenhuma folha. Estudou até a quarta série e trabalhava em casa ajudando sua mãe. Dona Maria casou-se aos 16 anos e atualmente tem 11 filhos: 7 homens e 4 mulheres. Três de seus filhos são professores por incentivo dela que sempre motivou seus filhos a estudar. Famosa em General Sampaio por ter publicado um livro retratando suas vivências, ela foi escolhida para fazer um curta-metragem de sua história (O Paraiso de Maria).

Mesmo com as responsabilidades de dona de casa, ela se inspirava escrevendo. Essa inspiração vinha muitas vezes de seus filhos. Ela nos contou uma história que ficou marcada em sua memória e de sua aprovação no Concurso Nacional de Histórias (Revelando Brasís) em que foram escolhidas 40 pessoas para participar do concurso. Entre essas, somente o livro de Dona Maria (O Paraiso de Maria) tinha a veracidade de história, ou seja, foi criado através da sua experiência de vida.

Alguns detalhes da história de dona Maria se encontram no vídeo abaixo.

Seu Ferreirinha – Repentista

Mais um dia nas buscas pelos tesouros de General Sampaio, conhecemos Seu Ferreirinha (José Socorro Vaz) de 73 anos de idade. Ao chegarmos em sua casa, ele já nos esperava todo arrumado com sua viola debaixo do braço, animado, foi logo afinando seu instrumento e soltou logo um repente. Simpático, nos contou sobre sua trajetória de vida e se emocionava a cada lembrança. Contou-nos que alguns de seus parentes já cantavam improvisado, e ele sempre achou muito bonito e começou a improvisar também, mudou várias vezes de moradia, viajando muito e usando a cantoria como fonte de renda financeira. Seu Ferreirinha nos contou também, que sofreu muito pois passou por muita dificuldade na vida, mas que cantar era e ainda é sua maior paixão.

Muito orgulhoso de sua arte, nos falou que sua casa foi fruto do repente, de sua viola afinada e do criativo improviso.

No final da entrevista Seu Ferreirinha cantou um repente em homenagem ao Projeto Patrimônio para Todos. Não deixem de ver essa emocionante história que fez muitos participantes se apaixonarem por esse senhor tão carismático e por sua trajetória de vida.

A prosa é longa, mas é boa!

 

Professora Josieda: História de General Sampaio

Para contar um pouco da história de General Sampaio, os participantes do PPT convidaram Josieda Bezerra Andrade, 55 anos, professora da escola José Bezerra Filho.

A professora Josieda nos contou que a história da fundação de General Sampaio contém muitos mitos e com isso, ela resolveu se aprofundar mais sobre ela. De início explicou que a região era povoada pelos índios Apuiares e Canindés, depois, o homem branco chegou e começou a povoar aquele lugar. Durante um tempo houve uma seca muito grande e o governo fedeal se emepnhou em detectar locais que seriam propícios para a construção de açudes e encontram um local ideal nos lados da serra da Mãe Tereza, onde passava o rio Curú. Para essa construção, vieram muitas pessoas e foi onde passaram a criar a primeira escola de General…

Galera essa historia não acabou por aqui, assistam ao vídeo e vejam como surgiu essa cidadezinha tão simpática e aconchegante!

 

Seu Júlio – Agricultor

Júlio Codolino de Paula é conhecido como Seu Julim. Morador da Rua José Félix, é agricultor e reside há 45 anos na cidade de General Sampaio, mas é natural da cidade de Canindé. Quando respondeu qual bem patrimonial que para ele seria o mais importante, ele logo citou o Açude General Sampaio, construído no ano de 1932.

Na construção do açude veio muita “gente de fora”, as condições não eram boas. Seu Júlio passou uma parte de sua vida em Canindé e foi morar em São Paulo devido à baixa condição financeira no Ceará, pois a seca influenciou bastante a falta de emprego na comunidade nesse período. Relembrando um pouco da história do açude, seu Júlio, hoje com 75 anos de idade, recordou das festas de antigamente que eram realizadas em barracas de palha, onde as pessoas simples e tranquilas iam se divertir. Seu Júlio se diz muito grato pela existência do Açude General Sampaio e de forma emocionada acredita que nada seria sem esse açude.

Quer saber um pouco mais sobre a fundação de General Sampaio e outras histórias? Então assista ao vídeo abaixo.

Dona Wanda – Parteira

Francisca do Nascimento Rocha, mais conhecida como Dona Wanda, é aposentada e foi parteira em um hospital de General Sampaio durante muito tempo de sua vida. Hoje, com 67 anos de idade – todos vividos na cidade, essa senhora tem muito a ensinar.

A vivência com o ofício começou na sua mocidade: ela via sua mãe, que também era parteira, “aparando” as crianças. Dona Wanda nos contou que quando ajudava a realizar partos, o sistema de saúde era muito precário, na época não tinha ultrassonografia, portanto, a dificuldade era muito grande. Ela também contou que já fez cerca de 500 partos e que além de sua mãe, sua avó também foi parteira. Por ser uma herança de família, imagina-se que ela utilizava a mesma técnica, mas não, ela aprendeu diferente, por conta de sua educação. Para Dona Wanda um dos partos que ela presenciou que lhe marcou muito. Foi um parto que ocorreu do outro lado do Açude General Sampaio.

Seu Atenor e o amor pela Umbanda

Tenor Ferreira Lopes, mais conhecido como Seu Antenor, tem 70 anos de idade e mora há 39 anos na cidade de General Sampaio. Umbandista há 31 anos, ele diz que aprendeu a prática com Deus.

Aos 31 anos de idade, na descoberta de sua religião, Seu Antenor se encontrava muito mal de saúde. Ele já havia visitado vários médicos e religiões e não se identificou com nenhuma delas. Mas foi na Umbanda que ele sentiu a presença de Deus e onde se recuperou. Esse senhor espirituoso, definiu todas as religiões como do “Bem” e que, na sua opinião, são as pessoas que procuram qual caminho a seguir dentro delas. Seu Antenor finalizou a entrevista com uma emocionante história de cura através de suas rezas. Todo o relato desse momento marcante está disponível no vídeo abaixo.

Seu Luiz da Canoa

Luiz Saraiva Barbosa, conhecido por todos como seu Luizim, nasceu em 1944. Falando da arte de confeccionar canoas, Seu Luiz enfatiza a dificuldade de extrair a madeira para canoa, pois ela é rara aqui no Ceará, podendo ser encontrada somente no Pará. Há 30 anos ele pratica essa atividade e disse-nos que uma parte das canoas era feita para campeonatos que aconteciam na cidade e em regiões próximas. Aprendeu a fazer esse trabalho ao decorrer de sua vida e nutre a vontade de passar seu oficio para seus filhos.

Dona Romana – Bordadeira

Seguindo nossa busca pelos bens culturais de General Sampaio, encontramos Dona Romana Paulo de 53 anos de idade, mãe de uma das participantes do Patrimônio Para Todos. Ao chegarmos, nos deparamos com Dona Romana sentada no chão com uma amiga preparando uma toalha com bordados. Bastante tímida, deu um sorrisinho e nos pediu para entrar. Nascida e criada em General Sampaio, aprendeu a fazer o ponto cruz na qual faz seu bordado, apenas olhando suas vizinhas fazendo. Dona Romana também fabrica e vende bonecas de pano, ela nos contou também, que as bonecas têm um grande valor sentimental, pois cada uma era única.

Seu Chico – Pescador

Quando chegamos ao Açude General Sampaio nos deparamos com Chico Madeira, que vinha com um saco cheinho de peixe. Morador de General Sampaio há 41 anos, Francisco Madeira tem 71 anos de vida. Seu Chico aprendeu a pescar sozinho quando tinha 15 anos de idade e no começo era apenas uma brincadeira, mas depois isso se tornou sua profissão. Ele pesca para vender ou complementar sua alimentação.

Nos contou que atualmente a pesca anda muito difícil, pois a falta d’agua é muito grande e além disso, existe uma dificuldade para quem faz pesca solta (pesca com anzol), pois no açude existem vários galões que prendem uma maior quantidade de peixes.

A pesca é sua principal fonte de renda, e os peixes que pesca já têm comprador certo. Como não poderia faltar na conversa com um pescador, tivemos a oportunidade de ouvir uma boa história de pescador.

Dona Fatinha – Rezadeira

Fomos também até a casa de Dona Fatinha, rezadeira. Ela, muito educada, já foi pedindo que entrássemos em sua casa, mostrando onde sentar. Seu nome completo é Maria de Fátima Alves, ela possui 48 anos e, além das rezadeira, também é agricultora. Contou-nos ainda que sua vida sempre foi “dentro da igreja”. Nascida e criada em General Sampaio, aprendeu a arte da reza com sua mãe.

Deuzim – Bumba Meu Boi e Reizado

Quando demos uma volta na rua para chegarmos à casa de Deuzim, ele já nos esperava do lado de fora com bois feitos de retalhos bastante coloridos. Amadel Lopes, 48 anos e morador de General Sampaio há 20, começou a tirar reizado quando tinha 12 anos de idade com alguns amigos na rua. Hoje, todas as pessoas da sua família fazem o reizado e brincam com o boi que muda de aparência a cada ano.

Dona Antônia (Ceramista)

Antônia Lopes Rodrigues, conhecida por Dona Antônia, tem 63 anos e mora na cidade de General Sampaio desde 1993. Ao chegarmos em sua casa, vimos que ela já estava a nossa espera. Mostrou seu trabalho com o barro e nos contou que aprendeu a arte de moldar argila com sua mãe aos 18 anos de idade e que hoje trabalha na fabricação de panelas, potes e de bichinhos como tartarugas, sapos e cobras.

Ela disse que as figuras saem de sua cabeça, sem precisar de um molde.  “Eu coloco na minha mão e pego o barrozinho e vou amassando de um lado para o outro”.  Na entrevista não foi possível Dona Antônia mostrar como maneja o barro por conta da falta do material em sua casa naquele momento.

As encomendas de panelas de barro é que são a fonte de renda de Dona Antônia que, com sua arte, molda não só argila, mas também sonhos e alegrias.

Seu Sebastião – Vaqueiro

Chegamos à casa de Sebastião Silvino de manhãzinha, logo nos deparamos com vários acessórios de couro. Muito simpático, veio conversar conosco em seu curral e junto com ele veio seu netinho, o Caio, curioso do que estava acontecendo. Esse senhor de 59 anos de idade, é mais conhecido pelo apelido de Bastiãozão. Ele é morador de General Sampaio há 14 anos e vaqueiro há 40. Aprendeu esse ofício com seu pai.

Ele nos contou que ser vaqueiro é cuidar do gado, zelar a fazenda, dar comida aos animais etc. Vai muito além de uma profissão, é um modo de vida.

Seus filhos também são vaqueiros e vimos que o pequeno Caio também tem um gosto especial pelas vaquejadas. Com muito orgulho, ele nos mostrou seus troféus e nos falou alegremente que já ganhou muito dinheiro derrubando boi.

Casa mal assombrada – Dona Luzia

Quando perguntamos para os alunos sobre os bens culturais da cidade de General Sampaio, muitos falaram logo da antiga casa do DNOCS, pois conta a lenda que o local é mal assombrado. Lembraram então, de Dona Luzia Andrade, senhora de 60 anos de idade que já havia morado na casa.

Ao chegarmos lá, nos deparamos com uma bela casa, grande, arejada, mas completamente abandonada. Dona Luzia foi logo abrindo as portas e janelas e nos mostrando cada cantinho da casa. Onde cozinhava, onde dormia, onde recebia as visitas e o mais importante: onde as“visagens” apareciam.

No decorrer da entrevista, ficamos um pouco assustados, pois as janelas começavam a se bater, portas rangiam, e ela nos falava de todos os sons que ouvia durante a noite e até quando viu um vulto branco perto dela.

Ela também nos contou que adorava morar ali, mas que, depois de 18 anos, não aguentou mais tanto barulho e aparições. Veja o vídeo onde Dona Luzia apresenta a casa e conta todas as histórias que aconteceram ali.

Dona Toinha – Artesã (Galão)

Quando chegamos à casa de Dona Toinha, ela estava na calçada, feliz da vida trançando fios de nylon para compor uma rede de pesca (galão). Seu nome de batismo é Antônia Felix, ela possui 66 anos, e nasceu em Itapipoca. Mora na cidade de General Sampaio há 22 anos. Aprendeu a fabricação de galão aos 10 anos de idade com uma vizinha. Já faz 56 anos que produz essa arte.

Diz que gosta e tem amor em fazer galão, que só há um dia em que não faz: a sexta-feira Santa. Dona Toinha ensinou esse ofício para seus filhos, mas nenhum usou esse aprendizado como trabalho ou fonte de renda. Contou-nos também, que nunca estudou, mas muito se dedicou à arte de fazer o Galão.

Caminhos e histórias

Neste dia de oficina no município General Sampaio, começamos com a avaliação do exercício proposto na aula passada: desenhar algo que chamasse a atenção do participante no seu trajeto escola/casa. Em seguida lemos o módulo sobre as culturas das águas. Essa leitura de manhã gerou um debate sobre os costumes dos povos que moram perto das águas e experiências como as dos profetas da chuva. Já no turno da tarde, aconteceu um interessante debate sobre a poluição da natureza. Houve um consenso de que a solução para a preservação da natureza é a atitude individual, sem esperar pelo governo. Nágila contou que quando não tem lixeira perto, ela guarda todo o lixo dentro da bolsa “papel de bombom, de biscoito e até o saco do picolé, mesmo melando as canetas”.

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O encerramento do dia se deu através da realização de uma atividade extra: um cineclube na praça. Começamos às 19h exibindo o vídeo institucional e o filme Narradores de Javé. Participantes do PPT 2013 e outros moradores estiveram presentes na Praça Central até o final da exibição e puderam se divertir e pensar um pouco sobre a importância das histórias.

Novos velhos caminhos de General Sampaio

Caminhos - General Sampaio

Ontem, um dos exercícios pedidos para os participantes fazerem em casa foi desenhar algo que chamasse atenção no trajeto casa/escola. Hoje, a turma da tarde mostrou novos detalhes reparados nestes caminhos, como uma árvore que cresceu, uma lata de lixo e alguns enfeites em cima de uma casa.

Aprimorar o olhar dos participantes foi um dos objetivos alcançados com esse exercício, que chamou bastante atenção de todos no sentido de ser possível encontrar novidades em um trajeto tão rotineiro.

Nó desatado e bens culturais lembrados

Começamos o dia com a dinâmica do Escravos de Jó, onde ambas as turmas se divertiram bastante. Tivemos também uma breve apresentação das árvores genealógicas dos participantes (exercício passado no dia anterior) e uma emocionante história da trajetória de vida de Raimundo Nonato. Ele, orgulhoso de tudo que passou, pretende um dia publicar sua bibliografia. Enquanto a obra não vem, podemos ter conhecimento através deste trechinho, apresentado durante a aula.

 As turmas interagiram bastante quando conversamos sobre os bens culturais da cidade. Enumeramos vários patrimônios e amanhã faremos a escolha de quais serão registrados por nós. Além das atividades, recebemos a visita do Secretário da Cultura de General Sampaio. Combinamos com ele a realização de uma atividade extra: um cineclube na praça central, com exibição de filmes nacionais e explicação sobre o PPT amanhã de noite.Por fim, a turma da tarde conseguiu desatar seu “nó de pescador” e reconheceu que o motivo da dificuldade no dia anterior foi desatenção e ansiedade.Aos poucos vamos reconhecendo as manifestações culturais individuais que repercutem no coletivo.
 

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Em cada mão, expectativas de montão

Dinâmica. General Sampaio

Cada participante desenhou suas mãos em uma folha de papel. De um lado, seu nome, de outro, as expectativas acerca do PPT.

As duas turmas participantes 3 de General Sampaio expuseram suas expectativas em relação ao curso do Patrimônio Para Todos. No dia do encerramento, sábado, vamos ler o que foi escrito e saberemos se as expectativas foram atendidas.

General Sampaio: atando histórias

General Sampaio: atando histórias

Primeiro dia de oficina no município de General Sampaio. Muita expectativa para o inicio das aulas. Percebemos um interesse enorme dos alunos tanto da manhã quanto da tarde. A entrega dos kits foi um sucesso, todos foram logo vestindo a camisa e olhando o que havia dentro da famosa caixinha da memória.
No decorrer da aula, percebemos que alguns participantes já têm um conceito de cultura por já estarem engajados em projetos culturais da cidade, o que contribuiu para o desenvolvimento da aula.
Trabalhamos a dinâmica do Nó, onde a turma da manhã precisou dançar três vezes para que entendessem que o objetivo do jogo era trabalhar em conjunto até que o nó fosse desfeito.
Já a turma da tarde tentou, tentou e por sua vez não conseguiu, mas esperamos que amanhã consigam desmanchar o tão chamado por eles “nó de pescador”.

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